Lá vai eu em mais um dia de trabalho...porem hoje sentei e observei...escutei. Alicia dormia, um sono reparador, visto que suas horas acordadas a atormentam, com uma dor que segundo ela mesma nunca passa, e em seus momentos de lucidez a saudade da antiga casa e dos seus amigos deixam um vazio sem fim...Esse senhor tão distinto, chamaremos de Tom, senta sem nenhuma cerimonia, e começa a divagar...fala sobre sua família, que vem visita-lo 3 vezes na semana, da sua rotina incerta e do seu quarto, que a proposito não lembra onde fica. Nesse momento sugiro que Tom vá para seu quarto, descansar um pouco, ele parece cansado...e por vezes “cochila” no meio da conversa...de repente ele tira os sapatos e vai em direção ao banheiro – Eu pergunto: Tom, o que você pretende fazer?! Esse e o banheiro de Alicia...você sabe que de acordo com as regras não pode usa-lo, tem que usar o seu, que fica no seu quarto...podemos chamar a enfermeira e ela te ajudara a achar o caminho.
Então Tom olha pra mim e pergunta: Se nos comemos com mesmos talheres e as vezes dividimos comida, por que não posso usar o banheiro de Alicia quando não acho o meu?! Poderia responde-lo das mais diversas formas, usando a logica, usando as respostas que aprendemos na faculdade ou nos cursos dessa vida afora, usando o humor talvez...porem preferi calar, pensar e questionar com meus botoes: ate que ponto a perda da memória os beneficiam?! Os momentos de lucidez são poucos, eles continuam vivendo e a cada dia sentindo coisas novas, conhecendo pessoas “novas” ... nos, entretanto nos sentimos aflitos e frustrados, por percebermos que aquela pessoa que amamos, ou que nos e próxima, talvez nao lembre o quão importante eramos na vida dela...ja pararam pra pensar nisso?! Texto e foto: Thaysa Ramos
(foto num parque em Sunnybank)
- Os nomes Alicia e Tom sao ficticios!
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